segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

CONHEÇA ENREDO E SINOPSE DA MANGUEIRA PARA O CARNAVAL 2021

 A poesia que habita a Mangueira foi inventada por um pedreiro de pele preta batizado ANGENOR. Por usar um chapéu maltrapilho, por ironia, os amigos apelidaram Angenor com o título que ainda o acompanha na eternidade: CARTOLA. O príncipe do princípio. O poeta que escolheu as cores da Mangueira. O que cantou as alegrias e as dores do morro. Aquele que ergueu - como quem bate laje, mistura o cimento ou empilha tijolos - duradouro e permanente estado de poesia.


Se a Mangueira chora, ela é uma canção do Cartola que lamenta o peito vazio, o amor que finda e a sentença que o mundo é tal qual um moinho. Se a Mangueira se enche de esperança, ela é um samba do Cartola a anunciar que um dia melhor está por vir. Um convite para correr e ver o céu e o sol de uma nova manhã. Alvorada colorida de beleza. Sem choro, tristeza e dissabor. A lembrança diária de que, ao findar a tempestade, o Sol Nascerá.


Quem lá habita descende desse amálgama de poesia enraizada feito uma roseira. Sim, há roseiras nas favelas. Há jardins e há rosas. Rosas que insistem em nascer. Rosas que brotam dos escombros. Jardim solitário onde, dizem os antigos, ainda está viva a rosa que Cartola cantou, sentenciando quase como queixa que, insistindo em não falar, exala apenas - e ainda hoje - o perfume de sua última enamorada.


Se a poesia de quem guardava e lavava carros ocupa o riso e o pranto de quem mora lá, a voz de outro preto - este, batizado JOSÉ - reside na localidade, habitando-a sem pedir licença. Afirmo, sem medo de errar, que essa voz que paira no ar habita tanto o silêncio das manhãs quanto o burburinho das travessuras dos moleques que brincam quando a tarde cai. Essa voz é a voz de José Bispo Clementino dos Santos. Para a Primeira Estação, o JAMELÃO.


Voz potente como convém aos reis. Reis pretos. Reis, com voz de trovão. Voz de criança que foi engraxate e gritou alto para vender jornais. Voz retinta. De bamba curtido no sereno das batucadas. Voz de pele azeviche. Voz que guarda o visgo saboroso de um jamelão colhido fresco.


Não há como remediar: todo mangueirense que nasce, cresce, sobe e desce aquele morro é acompanhado por essa voz. Essa voz é a voz da própria Mangueira. Ela é uma voz que paira no ar. No claro da manhã e no breu da noite. Uma voz à espreita. Voz quase reza. Voz que ralha e benze os seus.


Não à toa, quando a Mangueira chora, ela é a voz do Jamelão num samba "dor de cotovelo" com letra de Ary e Lupicínio. Triste, ela é o Jamelão em "Folha Morta". Jamelão em "Ela disse-me assim". Quando a Mangueira é faceira, ela é a voz do Jamelão em ritmo de gafieira. Solo de piston. Batuta de Severino Araújo. Jamelão, cabaré e Orquestra Tabajara. Quando se enfeita para descer o morro, ser mais bonita e reinar majestosa enquanto desfila, ela é a voz do Jamelão para um samba do Nelson Sargento, Pelado, Jurandir, Darcy e Hélio Turco.


Sinto saudade da POESIA e da VOZ que habita minha escola como todos os que agora estão distantes do convívio com ela. Fechando os olhos para imaginar revê-la, querendo-a pertinho de mim, ouço a voz do JAMELÃO e a poesia do CARTOLA romperem o silêncio que já se estende em demasia. Agora, gostaria de vê-la dançando diante de mim. Reis e rainhas que dançam. Corpos pretos que dançam. Gente que flutua ao dançar. Gente que parece exibir-se para testemunhar que são a descendência e a extensão de uma realeza.


Imaginando-a dançando e coroada, impossível não crer que todo corpo que habita a Mangueira não herda a dinastia de seu mais famoso bailarino. Bailarino preto. Príncipe da Ralé. Um Obá da favela bordado de paetês. O herdeiro da coroa de Marcelino. Mestre dos que querem ser mestre. O samba que risca o chão. Aquele que, já estando velho, dançava como o menino que atendia pelo nome de LAURINDO.


Impossível não crer que toda uma legião que defende a bandeira que ostenta o verde e o rosa da Primeira Estação não guarda a gana e a sede com a qual o mestre-sala  DELEGADO defendeu o pavilhão que cortejou por décadas. Décadas de excelência e notas máximas. Difícil não crer que ele não esteja ao menos em uma gota de sangue de toda criança, menino ou menina, que nasceu ou nascerá naquele morro. 


Engana-se quem pensa que os habitantes do Morro de Mangueira morrem sem ter o que deixar como herança, assim como estão enganados aqueles que pensam que, os que lá nascem, estão desprovidos de bens. Quando fizeram a partilha da herança deixada por ANGENOR, JOSÉ & LAURINDO, saibam todos que nenhum morador daquele morro ficou de fora. Eles herdaram um bem preciso e precioso. Lá, nascem ricos daquilo que o dinheiro não compra, e nós, quando privados da arte que brota a granel nos corpos da favela, ficamos mais pobres.


 Leandro Vieira

FONTE SITE OFICIAL DA MANGUEIRA

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

GOVERNO SUSPENDE CARNAVAL EM PERNAMBUCO

 

O governo de pernambuco anunciou ontem(17), que o carnaval do estado está oficialmente suspenso por conta do aumento do Novo Coronavírus.

A notícia não foi muito boa para quem faz samba no estado , as escolas de sambas locais já estavam passando por muitas necessidades sem poder realizar eventos e agora sem desfile a coisa piorou.

Os sambistas pernambucanos esperavam que pelo menos  o carnaval foi adiado para outra data como aconteceu no Rio de Janeiro e São Paulo.

Procuramos os representantes da Federação e das Escolas de Sambas para saber suas opiniões sobre o fato , veja o que diz cada um:

De acordo com Francisco Moura , o popular Chico , presidente da Federação das escolas de sambas de pernambuco(FESAPE) e representante da Limonil disse que:

 " Como Fesape, concordamos sim com o cancelamento, primeiro a vida, temos que cuidar da saúde, seria um ato irresponsável  fazer carnaval em meio a uma pandemia e sem a vacina .  Com a população vacinada pensaremos sim em carnaval. O carnaval gera muito emprego temporário , milhares de pessoas dependem do carnaval, direta ou indiretamente, mas a saúde em primeiro lugar, contudo, acho que a prefeitura deveria sentar com as federações e anunciar uma ajuda real para os blocos e as escolas de sambas sobreviverem" argumentou Chico.

" Como Limonil, também sou a favor do cancelamento do evento, mas só cancelar é muito fácil, deveríamos ter uma alternativa , existe muitas pessoas que depende do samba para sobreviver e nós representantes das escolas e sambas temos que ajudar essas pessoas" completou.

Para Souza Correa, o popular Souza cabeção, presidente da Galeria do Ritmo, atual campeã do carnaval ele disse:

 A Galeria é a favor do cancelamento do carnaval, apesar que nossas expectativas seria de adiamento para outra data , mas não podemos ser irresponsáveis com a vida humana , temos que primeiro ter a vacina para depois pensar em folia" disse Souza.

Já a maior campeã do carnaval pernambucano a Gigante do Samba , o pensamento é:

"Se fez necessário, pois estamos liando com vidas humanas e Gigante do Samba como qualquer outra agremiação tem a obrigação de cumprir as regras estabelecidas pelos governantes e pela OMS (Organização Mundial da Saúde)"declarou Marize Felix.

Nossa reportagem procurou Rafael Nunes, presidente da Pérola do Samba e ele disse o seguinte:

" Como Pérola do Samba, somos a favor sim do cancelamento do carnaval, tendo em vista que não haveria tempo hábil para vacinar todo mundo e nem para as agremiações fazerem seu carnaval.  Se levasse a data para o meio do ano iria prejudicar mais uma vez o ciclo junino que é muito forte no estado"disse Rafael Nunes.

"Tenho um projeto que vou levar ao prefeito quando ele assumir, um projeto para não deixar as escolas de sambas na mão.  seria o seguinte: uma live na sua quadra , transmitido pelo seu canal , com alguns seguimentos da escola e com isso iria receber uma subvenção da prefeitura. disse ainda Rafael Nunes.


domingo, 13 de dezembro de 2020

FIM DE SEMANA TRISTE PARA O SAMBA NACIONAL


 No último dia 11 , morreu no Rio de Janeiro, Ubirany , um dos sambistas mais respeitado do país e fundador do grupo Fundo de  Quintal.

Ubirany tinha 80 anos de idade e estava internado em um hospital carioca há mais de uma semana por conta de complicação pelo novo Coronavírus.

Ubirany foi quem inventou e  introduziu o repique de mão no samba, o cantor e compositor esteve a frente do grupo Fundo de Quintal por mais de 40 anos.

Vale lembrar que em Abril, seu irmão Sereno também fundador e integrante do Fundo de Quintal também testou positivo para o novo Coronavírus.

No mesmo dia a noticia do falecimento de Farid Abraão David, ex presidente Escola de Samba da Beija Flor e ex prefeito de Nilópolis.

Farid Abraão David teve morte celebral confirmada aos 76 anos de idade , ele foi o presidente que mais venceu com a Beija Flor, ele foi o maior campeão da era gloriosa da azul e branco de niópolis.

Além de presidente da escola , ele foi vice presidente administrativo e vice presidente jurídico da escola, como político , ele foi duas vezes prefeito da cidade de Nilópolis e foi deputado federal por seis mandatos.

A famila Abraão David há décadas é a mais importante dentro da escola, seu irmão Anísio Abraão David também já foi presidente da escola que hoje é presidida por Ricardo Abraão David.


segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

CONHEÇAM A ORIGEM DO CASAL DE MESTRE SALA E PORTA BANDEIRA

Foto: Site Carnavalizados
 
  FUNÇÃO:

A Porta Bandeira deve : deslizar, bailar e flutuar,   medindo gestos graciosos com muita elegância e charme   ao carregar  o pavilhão, enquanto o mestre sala a   corteja, protege e evolui em uma dança de sedução, na   qual a finalidade principal é a proteção da bandeira e   de sua parceira.

HISTÓRIA:

 Tudo começou a muitos anos atrás nos primeiros desfiles das escolas de sambas do Rio de Janeiro que eram Ranchos, grupos ou associações que realizavam cortejos nos dias de carnaval com a figura simbólica da corte representada pelo rei e rainha .

Antigamente o pavilhão também conhecida como bandeira era carregada por homens malandros e capoeiristas e tinha um formato de estandarte.

Muitas vezes o clima esquentava entre os brincantes , pois os desfiles eram as vezes no mesmo momento e em direção contraria e as duas turmas não deixavam a outra turma passar e a pancadaria era inevitável, o grupo que passasse e arrancasse o estandarte do outro grupo era o vencedor .   O estandarte tirado do outro era levado para o seu território e era como o premio maior do evento.

Em 1930 por conta das vítimas dos confrontos entre os ranchos, ouvi a necessidade de ter uma pessoas com as mãos livre pra proteger o pavilhão.  A partir de então , o pavilhão passou a ser conduzidos por uma mulher e protegido pelos capoeiristas que muitas vezes vinham com navalhas e lâminas de aço escondidos em seus leques.

Hoje em dia os casais de metre-salas e porta-bandeira levam com eles não apenas o maior simbolo de uma escola de samba que é seu pavilhão mas também a responsabilidade de dar a nota máximo em seu quesito e muitas vezes são responsáveis pelas conquistas de  campeonatos  de suas escolas.